Agora segure-se na cadeira. No fundo, estamos discutindo sobre o nada. Sabe por quê? Porque o extenso de R$ 1.000,00 não é nem “um mil reais”, nem “hum mil reais”. Clique em leia mais e veja a forma correta.

É “mil reais”.

Atenção, bancários: nada de devolver cheques “por erro no preenchimento”, quando alguém escreve “mil reais” ou “mil e duzentos reais”.

Certa vez, preenchi um cheque sem o bendito “um” (muito menos o horroroso “hum”). Já faz algum tempo. Foi antes do real – nem lembro qual era a moeda que estava em circulação. A funcionária da loja não queria aceitar o cheque. Tentei explicar. Nada! A moça não queria conversa. Perguntei-lhe se ela dizia “mil latas de óleo” ou “um mil latas de óleo”. “Mil latas”, disse ela. “Pronto!”, disse eu “Mil latas”, “Mil cruzados” (ou cruzeiros, não lembro). Foi inútil. A moça disse que “lata de óleo é uma coisa, dinheiro é outra”.

Quase conformado em ter de fazer outro cheque, tive a idéia luminosa: “Abra a gaveta e apanhe uma nota de mil”, pedi, esperançoso. “Por quê?”, perguntou a moça. A cédula já tinha recebido um carimbo que lhe indicava o novo valor, numa daquelas tantas conversões de mil por um. “Pois bem”, disse eu, “vamos jogar fora todas essas notas, que não valem absolutamente nada”.

A moça só ficou calma quando viu que na cédula de mil estava escrito “mil cruzeiros” (ou cruzados). “Esta nota é falsa?”, perguntei. “Claro que não”, disse ela. “Então meu cheque é perfeito”, disse eu. À pobre moça não restou outra coisa a não ser resignar-se e aceitar o bendito cheque.

Repito: o numeral é “um”, sem “h”. E o extenso é “mil”, e não “um mil”: “mil reais”, “mil e quinhentos reais”. No cheque, tudo bem. Até vale a precaução, o cuidado, sobretudo em cheques preenchidos à mão. Mas, em outras situações, nem pensar: “um”, “um” e “um”. Mil vezes “um”.

Os dois milhões de mulheres

Você diz “dois dúzias de ovos?”. Claro que não. O numeral (“duas”) concorda com a palavra dúzias, feminina, e não com “ovos”. Aplique exatamente o mesmo processo no que diz respeito a “milhão”, palavra ultramasculina: “um milhão de pessoas”, “dois milhões de pessoas”. Não diga “as duas milhões de pessoas”.