As comunidades e cidades que ficam à beira de um lago, agora fica à beira do mato! Onde antes havia água a perder de vista, resta apenas riachos. Com a falta de chuvas, um lago gigantesco, conhecido como “Mar de Minas”, está cada dia mais seco. Clique em Leia Mais e confira notícia completa.
A imensidão azul confirma as previsões da meteorologia. Nem sinal de chuva e a água que não vem do céu, faz muita falta na terra.
“É triste ver uma situação dessas, não é brincadeira não. É humilhante uma coisa dessas, é o fim de tudo, quase”, disse o pescador Donizete Silva.
É difícil principalmente para quem mora as margens do Lago de Furnas, que visto, de longe, parece inabalável. Mas, quando a gente se aproxima, logo percebe que o chamado “mar de minas” agoniza com a seca.
Alfenas é um dos 34 municípios banhados pelo Lago de Furnas. Deveria ter uma lâmina de 11 metros de agua. Mas, só restou um riacho.
O presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas de Furnas, Fausto Costa, está pessimista. Ele nasceu na beira do lago e nunca viveu uma situação assim.
“Nós estamos muito preocupados com isso, porque o lago deveria estar cheio e nós estamos vendo gado, pessoas, carros andando onde deveríamos ter muita água”, disse.
Em Campo do Meio o lago chegava até a principal avenida – não por acaso chamada de “beira-lago” hoje a água foi parar mais longe da avenida.
“A hora que o município descobriu o lado turístico, quer dizer, pra tirar proveito do lago, infelizmente o lago esvaiu, se secou”, disse o prefeito Robson Machado de Sá.
Um hotel era um dos maiores da região. Foi fechado por falta de hóspedes.
“Quando começamos a construir estava cheio de turistas, principalmente de São Paulo, mas agora sem água. A gente fica triste, fica”, destaca o empresário Clodomiro Cleber Moraes.
Quanto mais ao sul, pior é o cenário. Alguns municípios só podem ser acessados de balsa. Quanto mais o lago desce, mais íngreme fica o barranco. Um perigo para os motoristas.
Só nas últimas duas semanas o nível do Lago de Furnas baixou cerca de três metros. Média de 20 cm por dia. Em quase metade da área do lago já não dá mais pra navegar nem mesmo de canoa.
”A previsão é de que a balsa daqui no máximo uns três meses que ela vai está parada. Não tem e não tem previsão de volta. Só quando São Pedro mandar água pra nós.”, explicou o balseiro Samuel Lucas Luiz.
Menos água, menos peixe. Em Areado, as redes engancham nos tocos de árvores que ressurgiram por toda a represa. Pelas contas da Associação de Pescadores de Furnas, a atividade caiu cerca de 90 %.
“Tem que se virar como pode. Desviando dos paus e tentar pescar. Armando as redes no sufoco, mas vai vivendo assim”, disse o pescador Edson Coelho Leal.
Para os criadores de peixes do município de Fama, a situação também não é fácil. As imensas gaiolas repletas de traíras e tilápias precisam ser movidas diariamente para não ficarem fora d’água. Um esforço para acompanhar a descida do nível do lago e garantir que os peixes respirem.
“A tendência é que vai secar aqui. Os tanques estão esvaziando, a gente vai levar pro barranco e não vai mais repor peixe este ano. Sem agua não tem condições de trabalhar”, explicou o piscicultor Rodrigo Ferreira.
Além de mover a economia regional, um reservatório também move turbinas. As de Furnas e de outras oito usinas ao longo do Rio Grande – que contam com essa água para nivelar seus reservatórios.
Todos os dias, o gerente dessa imensa caixa d´água” desce os quase 100 degraus, do topo da represa até o nível do lago, pra verificar a régua. Antônio Sérgio não grava entrevista, mas revelou que há uma semana as turbinas vem sendo desligadas durante algumas horas do dia pra poupar pelo menos um pouquinho de água. O objetivo, segundo ele, é dar um fôlego – até que São Pedro resolva tirar o “mar de minas” do sufoco.
Texto adaptado a matéria exibida neste domingo no Fantástico.
Veja a matéria exibida no fantástico neste ultimo domingo no link:
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/03/seca-em-minas-gerais-prejudica-pesca-e-acesso-aos-municipios.html