Sobe para 26 o número de municípios mineiros em estado de emergência por causa da seca

A estiagem em plena época de chuvas castiga Minas Gerais. Subiu para 26 o número de municípios que decretaram estado de emergência por causa da seca. Até 26 de dezembro, conforme revelou o Estado de Minas, eram 10 cidades que haviam entrado em emergência depois de novembro. Agora, a estimativa é de que a quantidade vai aumentar, diante da previsão de chuvas insuficientes para os próximos dias. Enquanto isso, a população sofre com a falta de água e muitos prejuízos. A última cidade a solicitar ajuda estadual e federal para enfrentar a seca foi Viçosa, na Zona da Mata. Na terça-feira, além da situação de emergência, o município de 72 mil habitantes retomou o racionamento de água e vai multar quem desperdiçar.  Clique em Leia Mais e confira notícia completa.

 

 

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Viçosa voltou a adotar medidas drásticas. O “fiscal do desperdício de água” vai coibir excessos. Será disponibilizado o número de telefone (31) 3892 6000 para que qualquer pessoa denuncie quem estiver desperdiçando água, como lavar calçadas e ruas. Um fiscal irá ao endereço para fazer o flagrante e aplicar a penalidade. O infrator vai pagar multa, cujo valor será divulgado hoje pelo Saae.

A prefeitura também proibiu, durante o período crítico da estiagem, o uso de água fornecida pelo serviço público para lavagem de carros em postos de combustíveis e lava a jato. Os estabelecimentos que desobedecerem serão multados. Moradores e comerciantes estão proibidos também de regar jardins e plantas, encher ou esvaziar piscinas, lavar quintais, telhados, paredes, calhas, garagens e veículos.

A Prefeitura de Viçosa impôs o racionamento por causa do baixo volume da represa do Ribeirão São Bartolomeu, que abastece 70% da população local. Em condições normais nesta época do ano, a vazão do São Bartolomeu deveria ser de 300 litros por segundo, mas, ontem, era de apenas 40 litros por segundo, obrigando o Saae a reduzir em mais da metade o volume captado para o abastecimento da cidade, que era de 100 litros por segundo.

Ainda por conta da estiagem, o município já enfrentou o racionamento entre outubro e o início de dezembro de 2014. Agora, a prefeitura dividiu a cidade em seis regiões. De segunda-feira a sábado, uma das regiões não recebe água – neste caso, somente no domingo, o fornecimento atende todo o município.

PREJUÍZO Outra cidade que decretou emergência por causa da seca é Brasília de Minas, no Norte do estado. O Rio Paracatu, onde é feita a captação de grande parte da água consumida pela população, “cortou” (teve o curso interrompido). A situação não é mais crítica por causa do uso de poços tubulares para o abastecimento de parte do município.

“Mas, se a seca continuar, vai faltar água na cidade”, afirma o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Marcos Paiva Queiroz, lembrando que cerca de 80 famílias da zona rural do município estão sendo atendidas por caminhão-pipa. Por causa do sol forte, 100% das lavouras de milho e feijão de Brasília de Minas estão praticamente perdidas, quadro que se repete em quase todo Norte de Minas.

O secretário disse que é a primeira vez que a cidade entra em estado de emergência em janeiro por causa da seca. Das outras vezes, foi por conta dos estragos da chuva. Em 2012, por exemplo, o Rio Paracatu inundou casas e estabelecimentos comerciais no Centro de Brasília de Minas.

Montes Claros, também no Norte de Minas, está em emergência desde 16 de dezembro, por causa dos danos provocados pela estiagem prolongada na zona rural do município, onde lavouras foram destruídas e quase todos os rios e córregos secaram. Pequenos agricultores dependem de caminhão-pipa. Segundo o coordenador de Defesa Civil do Município, de outubro até agora, choveu 276,6 milimetros no município, enquanto o volume aguardado para o período era de 700 milímetros.

O sol impiedoso destrói plantações e tira o dono de pequenos agricultores, como Geraldo Rocha Zuba, de 52 anos, pai de cinco filhos, morador da comunidade rural de Me Livre. Ele plantou milho, feijão e mandioca e“nada vingou”. “O calor é de matar. Os animais estão magros e se Deus não tiver piedade, nem sei o que será de nós”, diz. Mas ele não perde a esperança.

Morador da mesma comunidade, o agricultor José Geraldo Dias, de 58, pai de três filhos, confessa que, ao longo da vida, nunca viu uma seca “tão braba”. Enfrentar uma estiagem em pleno período que seria chuvoso o faz pensar no “fim dos tempos”. “Nunca vi isso na vida. Se não chover logo, a gente vai ter que se preparar para os fins dos tempos”, diz.

 

Fonte : Estado de Minas 22/01/2015



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