Profissionais que compõem as equipes responsáveis pelo Programa de Hanseníase, na jurisdição da Superintendência Regional de Saúde de (SRS) Varginha, foram convidados pela Referência Técnica do Programa na SRS, Simone Passos Bacha, para o Seminário Regional de Hanseníase. O evento aconteceu na última quarta-feira (15/09), no município de Elói Mendes, e contou com a presença de médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, bioquímicos e farmacêuticos para a discussão de temas, como diagnóstico e tratamento de Hanseníase, reações hansênicas e tratamento e aspectos psicológicos de Hanseníase. Clique em Leia Mais e confira notícia completa
Como convidados, estiveram presentes os servidores da Coordenação Estadual de Dermatologia Sanitária, a médica Maria Aparecida de Faria Grossi e a coordenadora Maria do Carmo Rodrigues de Miranda, juntamente com o Diretor de Vigilância de Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis, Kleber Rangel. A equipe da Secretaria Municipal de Saúde de Varginha também foi convidada como palestrante.
Além da situação epidemiológica da Hanseníase na SRS Varginha, apresentada por Simone, foi exposta, também, a situação da Hanseníase no mundo, no Brasil e em Minas Gerais, pela Coordenadora Estadual, Maria do Carmo Rodrigues de Miranda. Na SRS Varginha, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) retirados em 24 e 25 de agosto deste ano, 19 municípios não detectaram nenhum caso da doença no período de 2010 a 2015, o que representa 38% dos municípios desta Regional; em 2015, 15 casos foram detectados e notificados até o momento. Para a referência técnica, Simone Passos, este número certamente é afetado pela subnotificação, e caracteriza um alerta de que ações de controle devam ser realizadas e reforçadas pela Atenção Primária. Já a coordenadora Maria do Carmo afirmou que a detecção de casos em Minas Gerais é reduzida a cada ano – o que não representa a realidade -, endossando o que fora dito por Simone Passos: as campanhas devem ser intensificadas. “No Brasil, 31.064 novos casos foram notificados em 2014, possuindo um percentual de cura de 82,7%”, afirmou Maria do Carmo.
Maria Aparecida Grossi, médica da equipe estadual, realizou uma intervenção bastante dinâmica com os presentes, listando os temas de maior dúvida e interesse dos participantes. A doença, sua história natural, transmissão, diagnóstico, tratamento e a prevenção de incapacidades foram assuntos bastante demandados pelo público e explorados pela convidada. Maria Aparecida salienta que “não é resolutivo avaliar o caso e não registrá-lo. O registro é um ato médico e faz parte do monitoramento e acompanhamento do paciente”.
A equipe da Secretaria Municipal de Saúde de Varginha apresentou experiências acerca do atendimento de enfermagem com ênfase em vigilância de contatos, pela enfermeira Marina Moreira Mendes; outro tema abordado foi o manejo com o Corticóide no tratamento das reações hansênicas, pela farmacêutica Karen Evelyn Alves e Abordagem Psicológica em pacientes com hanseníase, por Renata Brandão, psicóloga.
A Hanseníase
Segundo Maria Aparecida Grossi, a Hanseníase configura uma doença infecciosa, fácil de tratar e curar. Possui alta infectividade e baixa patogenicidade. Afeta pele, nervos, mucosas e outros órgãos, abrangendo todas as idades, ambos os sexos. Sua transmissão é por via respiratória, através do mycobacterium leprae. O diagnóstico e tratamento da doença competem à Atenção Primária. Dentre as ações de controle estão o diagnóstico precoce, o tratamento com poliquimioterapia ( tratamento com antibiótico), a vigilância de contatos (exame dermato-neurológico, BCG e orientação) e a prevenção de incapacidades (diagnóstico e tratamento de reações e neurites). O período de incubação da doença é de, em média, 3 a 5 anos. O tratamento é ambulatorial, utilizando-se os esquemas terapêuticos padronizados pelo Ministério da Saúde, de acordo com a classificação operacional: Paucibacilares – 6 doses supervisionadas e multibacilares – 12 doses supervisionadas, de 28 em 28 dias. No período entre essas doses, os medicamentos são auto-administrados em domicílio. O diagnóstico precoce e tratamento oportuno evitam incapacidades, podendo o paciente levar uma vida normal.