Cerca de cem funcionários da Prefeitura de Guapé (MG) estão sem trabalhar desde o dia 4 de setembro. Eles reclamam do atraso dos salários, que atinge cerca de 650 servidores ao todo e já chega a dois meses. Clique em Leia Mais confira notícia completa.

Um grupo pediu apoio aos vereadores, que decidiram abrir uma CPI para investigar porque o prefeito não conseguiu pagar os funcionários.

“A comissão vai fazer um relatório apontando as falhas e apontando aonde deve ser feito aquele remanejamento, aquela forma de estar solucionando, hoje, a questão dos salários dos servidores”, diz o vereador Rodrigo Amaral (PRTB).

“Desde o 13º [salário], nós temos atrasos. Mas agora a situação se complicou, que inteiraram dois meses em atraso”, conta Polyana Maia Martins, funcionária pública.

Em 2014, a receita foi de R$ 28 milhões, mas os gastos chegaram a R$ 33,5 milhões. Já em 2015, a prefeitura tem cerca de R$ 27,5 milhões para gastar, mas deve ter uma despesa de R$ 34 milhões, ou seja, R$ 7 milhões a mais.

As contas da prefeitura ainda estão sendo analisadas, mas o prefeito, Luciano Maciel (PSDB), já adiantou que dos dois salários que estão atrasados, vai ter dinheiro pra pagar apenas um, no fim deste mês.

“A demanda é muito grande. A demanda continua a mesma, a receita é que está caindo. Nós estamos fazendo cortes de gastos pessoal, cortes de gastos, para que possamos dar uma previsão ao servidor para acertar o passivo. Dia 30 vai ser feito um pagamento”, diz o prefeito.

Funcionários municipais pediram ajuda de vereadores para receber salários atrasados em Guapé (MG) (Foto: Reprodução EPTV)

Os reflexos do orçamento apertado também atingem os moradores. Sem receber,  alguns funcionários deixaram de trabalhar. Um posto de saúde, por exemplo, ficou sem médicos.

“Eu tomo remédio controlado. Sou diabética, não posso ficar sem os remédios. Se eu não pegar receita, não tenho como pegar os remédios, por isso que atrapalha muito. E eu não posso ficar sem o remédio de jeito nenhum”, diz a dona de casa Valdete Souza Paiva.

Ainda de acordo com o prefeito, até o dia 30 de setembro, a prefeitura deve encontrar uma solução para pagar a outra parte dos salários atrasados. Um advogado contratado pelos os servidores vai entrar com uma ação na justiça pedindo o pagamento imediato dos salários e também para garantir que a prefeitura não desconte da folha de pagamento os dias que os funcionários ficarem sem trabalhar.

Moradores e funcionários municipais protestaram contra os atrasos de salários em Guapé (MG) (Foto: Reprodução EPTV)

A crise financeira na Prefeitura de Lavras (MG) se agravou. Após anunciar a dispensa de mais de 200 funcionários em cargos comissionados no mês de junho e oferecer um reajuste salarial de 0,01% aos servidores em julho, a administração municipal decidiu escalonar a folha de pagamentos do mês de setembro. Segundo o secretário de Administração, José Mourão Lasmar, os depósitos foram divididos em três faixas salariais para que a prefeitura consiga manter as contas em dia.

“Nós tínhamos uma previsão de arrecadação de um valor e nós estamos arrecadando R$ 25 milhões a menos somente no primeiro semestre. Todos os meses a nossa folha de pagamento aumenta, porque tem quinquênio, gratificações”, explica Lasmar, adiantando que haverá novas dispensas. “Vão ser feitas demissões de cargos comissionados e contratados. Estamos tomando medidas administrativas que façam com que essa folha diminua.”

Até 8 de setembro, apenas professores, que são pagos com recursos repassados pelo Governo Federal por meio do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), e quem possui ganhos de até R$ 1 mil receberam os salários relativos a agosto.

Após demissões e reajuste de 0,01%, Prefeitura de Lavras (MG) decide escalonar pagamentos
(Foto: Reprodução EPTV)

Pagamentos escalonados
Servidores que ganham até R$ 2.500 recebem no dia 24 de setembro e quem está na faixa salarial de até R$ 4.500 será pago no dia 30 de setembro. Aqueles que ganham acima de R$ 4.500 não sabem quando irão receber. O vale alimentação de todos os funcionários também está suspenso.

O sindicato que representa os servidores não descarta a possibilidade de paralisação das atividades na prefeitura. “Temos até uma reunião já marcada para o dia 15 [de setembro], com o jurídico. Fizemos uma comissão para ver o que a gente vai fazer, uma assembleia para definir se continua ou para”, disse o diretor adjunto do sindicato, Antônio Marcos Moreira da Silva.

Fonte: G1